11/18/2005



Perco-me

Perco-me no vento ao anoitecer...
nas neblinas densas do horizonte...
em teias de raios finos por tecer...
no cume inventado de um monte...

e esvaio-me no murmurar da fonte
e nas cores que começam a esmaecer...
vôo sem rumo e sopram-me na fronte,
devaneios suaves de entontecer...

E o sol poente exala o meu grito
que em silêncio lanço ao infinito
e responde-me o aroma azul do mar...

e o crepúsculo embala-me o olhar
nesta magia, onde perder-me não evito
para mais tarde me encontrar...
MCB 92

Descobri que gostava de poesia, por acaso...
Só sabia que gostava de música! E muito!
Mas...

A poesia é como a música...
tem uma melodia nas palavras que a compõem...
é lida com a voz da intensidade com que nos toca...
e quanto mais nos toca, mais bonita é...
porque a lemos com as entoações mais sentidas...
porque a lemos com o ritmo mais certo...
porque a sentimos...

E a poesia que se sente,
não é para ser lida uma vez só, mas várias...
como quando se ouve várias vezes uma música de que gostamos...

Não sentir a poesia
é deixá-la morrer numa página...
é calar as emoções dos poetas
como as melodias que se calam em pautas amarelecidas pelo esquecimento...


MCB