7/31/2006


PREÇO DE UMA PAIXÃO

Dói-me provar-te o sal das lágrimas na face molhada
e ver o teu corpo arquear-se em espasmos de dôr...
e saber que sou aquela que, muito bem intencionada
queria dar-te só carinho, só ternura... só amor...

Tento consolar-te com beijos de mel amargo
que nem a mim consolam...e teimo em te abraçar,
enquanto a tua voz se emudece num embargo,
e o teu peito estremece junto ao meu, ao soluçar...

E assim ficamos nesta aura de mágoa dormente
num labirinto de becos sem saída ou solução...
a agonizar em silêncio uma culpa inexistente
a pagar ao mundo inteiro o preço de uma paixão...

Sei que pagas um preço muito alto por mim
um preço que ninguém devia pagar por ninguém...
e eu, dilacerada por ver-te sofrer assim
além de pagar o meu preço, pago o teu preço também...
.
.
MCB 96

SENTIR O MEU RITMO


Quero uma música forte
e um som bem alto

quero despir-me
e dançar no vácuo...

dançar...
e soltar o corpo enferrujado
de tentativas de adaptação ao vosso compasso

dançar...
e suar gritos amordaçados
e escorrer fúrias
deixar que se evaporem com os sons...

dançar até cair...

e ficar no chão
deliciada
a sentir o meu ritmo...

.
.
MCB 92

7/27/2006


DESAFIO


Nada como um desafio para desanuviar das eleições!!!
Alguém consegue descobrir qual o truque?

Eu descobri-i!!!!!

http://kardini.fateback.com/telepatiav.htm

7/20/2006


ELEIÇÕES

A excelente qualidade das histórias que recebi no Simply Red 2 só me deixa uma alternativa: não vou ser eu a decidir qual a mais gira.
Para tornar a leitura mais fácil vou publicar as histórias todas, por ordem de chegada.

Ah! Aqui o voto não é secreto!
Boa leitura!
PS - Por motivos de ordem técnica, não consigo formatar os textos, melhor do que o que está à vista.


Simply Red da Cleopatra

Tinham-na convidado para o baile de mascaras naquele ano. Não que lhe apetecesse ir, mas assim que soube que ele estaria lá , o coração disparou e não resistiu. Tinha de lá estar também. O único problema era reconhecê-lo no meio de toda aquela gente. E ele iria reconhecê-la?
Lembrava-se daquele carnaval em Veneza. Tudo era tão fora de época ou transportado para uma época diferente. Percorrera as ruas ao som de violinos e pianos e cruzara-se com desconhecidos de máscaras em frente de rostos, mas a mão dele na dela, sempre e ao longo dos canais e ruas estreitas bordadas de varandis floridos, dera-lhe sempre a certeza de que ele estava ali... sempre estaria ali.
Coisas de tias! Um baile de máscaras! E a rigor! Lembrou-se do vestido que envergara em Veneza. Não. Não iria levar esse. Era demasiado quente, demasiado pesado e era conhecido...por ele. Vermelho. Iria de vermelho. Um vestido de seda brilhante vermelha que lhe envolvia o corpo e revelava as formas. Vermelho era sua cor preferida. Lembrava-lhe tango, paixão, sexo... crime...Sorriu para o espelho na sua frente e pensou:
- Mente perversa...Já estás a engendrar vinganças. Ela também iria. Gorda e patética...
- És perversa mesmo. Como podem achar-te boa pessoa? - Sim, porque a outra nunca poderia enfiar-se dentro daquele vestido vermelho de decote em v que lhe descia as costas e revelava a cintura em exagero.
O outro... o outro também iria...Estaria mais magro? Estaria mais velho? Também ele estivera em Veneza mas sem o deslumbramento das máscaras, num tempo em que os canais cheiravam mal e a cidade não tinha o som que nenhuma cidade tem.No tempo em que as ruas eram sujas e a cidade não tinha restaurantesà beira do Rialto...Num tempo em que ele fora não com ela, mas com a outra... a patética. Por isso Veneza não era Veneza. Mázinha!!! Qdo ela fora a Veneza... o som da cidade era inegualável. Nenhuma cidade tinha aquele som. O som do piano ouvia-se em cada esquina e ganhava melodia com a proximidade dos canais. Os restaurantes serviam vinho branco que deslizava pela garganta e refrescava a alma. As Gôndolas transportavam os apaixonados a um mundo onde o Amor tinha tempo para si próprio, a um tempo onde o tempo não existia...Pegou na máscara que usara... também ela era vermelha. Ficaria "a matar" com o vestido....comprido, justo, de seda, vermelho....E mais uma vez a imagem de crime lhe veio à mente. - Perversa - pensou - poderias escrever um livro policial. Mas o que tu queres é ver-lhes os rostos sem que te vejam. E sapatos?? Sandálias altas, abertas, de salto de metal prateado e de tiras ora vermelhas ora de prata... Nos pés magros e esguios.. uma arma de vaidade e luxúria. Perfume... o que ele gostara... sempre gostara de lhe sentir... talvez pelo perfume a voltasse a conhecer....E o outro? Não.. o perfume seria o outro....Sexy... sensual... atrevido, com história de pecado.

A noite chegara. Fora sozinha. Sozinha dava-lhe mais gozo. Sentia-se terrivelmente perversa, terrivelmente terrivel. Entrou com a máscara em frente ao rosto.Os olhares voltaram-se discretos. Não admirava... vermelho é uma cor chamativa...As luvas também vermelhas cobriam-lhe as mãos.Não a poderiam reconhecer. Ninguém conhecido por enquanto também! Estavam todos de rostos tapados!
Foi então que o viu. Sempre com aquele ar de misterioso silêncio. Ficava-lhe sempre bem o fato escuro no corpo magro. Não era muito alto, mas podia usar aquelas sandálias de saltos enormes ao lado dele. Impecável... ar sereno e observador, não que não fosse ligeiramente tímido... mas era charmoso. Muito, muito charmoso.
Não queria que a visse... Aquela história da máscara veneziana dificultava á brava. Não se podia afastar da cara nem descansar a mão que a segurava. Os homens apenas tinham colocado uma preta. Era mais fácil para eles. Era sempre tudo mais fácil para os homens.
A sala enchia-se de som e os salgadinhos começavam a rodopiar por ali. Mais uma dificuldade para quem tem de usar máscara e tê-la sempre na mão.
Num olhar de relance viu-a entrar. Gorda e patética. Com ar de quem não parte um prato... - Sonsa! - Pensou:...- bonito vestido! Preto para adelgaçar... Não vai mal. Usa sempre preto! Está sempre de luto.. por ela própria!
Ao lado vinha o outro. Mais velho, mais magro ou menos gordo. Elegante e de preto também. Ela era inconfundível. Aquele seu andar roliço... e ele... o aroma ao mesmo perfume de sempre... ele também era inconfundível. Fingia-se feliz... sorria para todos e principalmente para todas.... Ela suportava os sorrisos... fingia que era a eleita... a escolhida... e era! Elegera-se!
Do outro lado da sala lá estava ele. Não resistiu e passou-lhe por perto deixando no ar um aroma a pecado que não fora nunca dos dois. Não a reconheceu. No olhar ficou apenas um vermelho rápido e esbatido, de fugida... como uma brisa súbita e rubra.
As escadas apelavam a uma subida para apreciar do alto, como da ponte do Rialto, toda a sala onde máscaras e máscaras desfilavam. Sorriu. Nunca usara máscara e naquela noite não a tiraria nem por nada. Lá em baixo o charme os cumprimentos e a música misturavam-se entre os segredos e as surpresas. Ele permanecia sózinho. Sempre fora seu.... sempre fora sua. Mas alguém achara que tudo era uma farsa. Alguém achara que era impossível amar assim. Alguém achara que o amor não se divide...que não se pode amar e ainda assim amar...E os separara... para , pensara, poder ser feliz... Uma taça de cerejas exibia o seu vermelho carnudo entre outras frutas... Era uma taça enorme com suporte de gelo... havia morangos também entre verdes de kiwi e dourados de ananás e manga. Sorriu.. o outro adorava cerejas...adorava cerejas...............
Alguns rostos olharam para cima... seria melhor descer. Entre o vestido e a tapeçaria só, ao longe os seus cabelos negros se destacavam. Uma simbiose perfeita para quem não queria ser visto, como num passe de mágica......
Reparou que ele arranjara companhia e conversava sorridente enquanto mastigava qualquer coisa que não eram cerejas, de certeza.Os outros deslizavam... bem, deslocavam-se pela sala. Descera as escadas. aproximou-se dele... com o perfume com cheiro a pecado e sentiu que ele fora arrancado dali para o passado. Afastou-se até à varanda, não sem levar atrás de si o olhar dele....A patética ficara numa conversa social... e já se apercebera de que ele se ausentara... ou pelo menos a alma ausentara-se.
Também outro olhar a seguira... mas nenhum deles se movera. Uma lágrima rolou-lhe pela face. Que fizera para estar ali só sem o homem para quem com ela Veneza fora tudo e, sem o outro homem que nunca soubera que em Veneza se pode ter tudo.
Uma voz soou sobressaltando-a. O coração acelerou o ritmo. Um "boa noite" abanou-lhe o pensamento e a vontade. Sorriu apenas ligeiramente.
Acho que nos conhecemos. Tentou mudar o tom de voz e respondeu: -Talvez, quem sabe.
Sempre o mesmo. Metia conversa com toda a gente.
- Provavelmente a sua mulher não vai gostar de saber que já nos conhecemos.
O outro não sorriu mais. Conhecera-lhe a voz e associara -a ao perfume que inibriava o ar.
- Aqui? Não esperava.
- Eu esperava. Há muito tempo.
- Ele também está aí. Continua sozinho. Sabias?
- Foi assim que a tua mulher nos deixou a todos- sózinhos. A ela também!
- Sempre irónica..
-Sim , mas hoje alguém vai ficar ainda mais sozinho... E juro-te que eu deixarei de estar sozinha.
Afastou-se sorrindo não sem lhe sussurrar: - Já aprendeste a amar? E a separar as águas?!
A noite decorreu calmamente entre conversas sorrisos alguns passos de dança e um encontro imediato com ele. Nos braços um do outro, ela silenciosa e de máscara colada ao rosto, recordava como era bom dançarem. Só eles os dois sabiam dançar assim.
- Faz-me lembrar alguém - comentara ele apenas. Sorrira-lhe e nada dissera. As frutas começaram a ser servidas...
- Queres cerejas? - perguntou-lhe o outro aproximando-se
- Quero. É engraçado saber que só nós os dois sabemos que estamos aqui. Ironia estranha! A tua mulher vem para aqui...
- Queres cerejas? - apressou-se ele a oferecer-lhe, à eleita. As mesmas que lhe oferecera antes a ela. Sempre o mesmo morto de raiva de viver com ela e morto de impotência de a deixar. De medo de ser descoberto. Sempre o mesmo a oferecer à mulher o que queria oferecer-lhe a ela.
- Oh.. cerejas..,adoro....Que vestido bonito - comentou a outra dirigindo-se-lhe. Voltou as costas. A voz iria denunciá-la. Não queria que assim fosse.
- Morangos? - Era ele
- Sim morangos.. - sussurrou. Ele estremeceu...
- Como em Veneza?
- Sim... como em Veneza.
- Eu sabia que eras tu. Quando dancei contigo.
- Eu sabia que vinhas.
- Ficas...
- Aqui?
- Comigo... ficas?
- Como em Veneza??
- Sim. Como em Veneza.
Alguém se engasgara e vertera na aflição a taça gelada das cerejas... Era ela, a eleita. Um médico! - alguém pediu.....O outro debruçou-se aflito. A outra estava engasgada de cerejas...as cerejas que ele gostava. O outro engasgado com a aflição dela...Tiveram de sair à pressa como sempre.... A festa continuou... A Vida continuou... mas ele nunca podia acompanhar a vida... era patético... saíam sempre antes de todos... Por causa dela.....
- Ficas? - perguntou ele novamente.
- Aqui?
- Sempre. Comigo.
- Como em Veneza??
- Sim....queres morangos? Com vinho branco???
Olhou para a porta.. uma ambulância estava a chegar. Não resistiu e abeirou-se dela... tirou a máscara e sorriu-lhe. A outra deixou de tossir. Murmurou-lhe baixinho olhando-a nos olhos:
- Veneza é para os apaixonados, para quem ama de verdade. Há máscaras que nunca se devem tirar e, o Amor,... é, como disse alguém, o único sentimento que se pode dividir e mesmo assim multiplicar......e que nunca se pode comprar. Comentou-se mais tarde num diz que disse intriguista e maldoso, que a taça de cerejas estava envenenada...quem teria feito tal coisa? Algo tinha sido lançado do cimo das escadas...caíra direitinho dentro da enorme taça. Tinha sido lançado por alguém, ninguém sabia quem...não havia impressões digitais...não havia marcas...Mas juraram que havia um aroma a pecado no ar.
Ou seria uma côr de paixão?
Ou seria um som de Veneza?
Ou seria a máscara da vida?


Simply Red do Nuno (janelas da alma)

Desejos Ardentes...

A máscara de ferro,
em brasa,
seca-lhe o suor da cara,
enquanto ela rodopia incessantemente,
acompanhando o delírio
da dança do fogo,
ao ritmo
do crepitar das fogueiras...
Já não é a máscara tão fervente quanto o desejo
que lhe corre nas veias...
O suor escorre pelo corrimão morno,
onde ela se abandona
ao desleixo das vontades,
onde o cetim dos lençóis escorre por entre os degraus,
e as suas pernas trémulas...
Já a memória se lhe confunde,
se o tremer é da exaustão
da dança,ou da consumação do desejo...
Desejo, desejo,
só desejo,...
Paixão e vontade,
mais desejo...
A máscara de ferro, ardente...
o beijo do fogo, escaldante...
a dança, intensa como as labaredas
que a consomem...
O roçar do corrimão...
O escorregar dos lençóis,
húmidos,
nas escadas flamejantes,
vítimas da paixão,
do desejo, o desejo,
só e ainda,
o desejo...
O fruto desse desejo,
frio,
na boca ainda morna,
e escaldante...
O fruto proibido,
o último sentido...
a fome do desejo,
saciada pelo fruto proibido...
A água que arrefece os sentidos,
o desejo do fruto,
e do frio,
na boca escaldante,
fumegante,
do ferro e da dança...
das escadas cobertas,
do desejo e do suor...
dos lençóis que escorregam,
húmidos,
da água que escorre,
e sabe ao fruto proibido,
mordido...
Depois da emoção, só uma cereja!...


Simply Red do Apache

Enquanto esperava, Pedro afastou a imponente colcha vermelha, que cobria uma generosa cama de madeira de cerejeira. Ao sentar-se na berma da cama, observou uma velha telefonia que repousava tranquila sobre a mesa-de-cabeceira, instintivamente esticou o braço para a ligar mas…
Olhou então em volta, quase inspeccionando o quarto que o rodeava, e que se revelava relativamente pequeno, quando comparado com a cama que ocupava uma posição central, encostada a uma das paredes, deixando apenas em redor, uma estreita faixa de chão. Ao fundo, a porta dava acesso a um pequeno corredor com mais duas portas, a de entrada e a da casa de banho, de onde Pedro esperava ansiosamente ver sair Inês.
Vestindo modestamente as paredes, encontravam-se dois quadros, um, colocado na parede lateral representava o exuberante «Carnaval de Veneza», o outro, colocado (talvez ironicamente) por cima da cama, exibia uma enigmática escada em caracol, coberta por uma passadeira vermelha, com um imponente corrimão em madeira luxuosamente talhada, intitulado «Ascensão e Queda» Numa discreta prateleira contígua, um único livro desperta de imediato a curiosidade dos amantes da literatura «Crime e Castigo» de Dostoievski.
Pedro levantou-se e começou a folhear o livro como se o não conhecesse, mas acabou por levantar os olhos em direcção à pequena janela da restante parede do quarto. Pousou o livro e dirigiu-se para ela, pensando que talvez fosse possível avistar dali a praia, mas a desilusão foi imediata… Claro, a praia ficava do outro lado e o aluguer desses quartos devia ser bem mais caro.
Observou por instantes o cinzento do céu e a fraca luminosidade daquela quente e abafada tarde de início de Julho. Cortando este misto de frustração e nostalgia, baixou sofregamente a persiana, deixando o quarto completamente escuro.Descalçou os sapatos, despiu a t-shirt e deitou-se sobre a cama, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, que pousou numa almofada rosada. Acedeu os dois pequenos candeeiros de parede, deixando o quarto com uma luminosidade romanticamente discreta. Voltou a olhar de relance o velho rádio que permanecia mudo, enquanto ao longe o mar cantarolava uma suave melodia de enternecer…
Inês saía finalmente do banho.
Trazia o corpo envolto numa toalha branca, que realçava o tom dourado da sua pele e os cabelos ainda molhados.
Enquanto caminhava para ele, sorria, Pedro hesitava entre desejar a eternização daquele momento ou arrancar avidamente a toalha que escondia o corpo perfeito de Inês.
Mas ela leu-lhe o pensamento. Ao chegar junto da cama, deixou cair a toalha e atirou-se sobre ele.
Os dois abraçaram-se e beijaram-se sofregamente, o corpo dela cheirava a morangos, para Pedro, o tempo tinha de facto parado naquela tarde, enquanto os Anjos tocavam “Strawberry Fields Forever”.
Breves instantes depois, o suor escorria do corpo de ambos, como se o fogo do desejo jorrasse líquido por cada um dos seus poros. O suor e a saliva de Inês não eram salgados, sabiam a leite e a mel e Pedro bebia-os como se fossem o elixir da vida…
Era já noite alta, o tempo, fora daquele quarto prosseguia a sua marcha cruel, ambos tinham de se separar e retornar às suas vidinhas vulgares.
Pedro e Inês abraçaram-se uma última vez, como se esse abraço perpetuasse a indomável paixão que irónica ou tragicamente se associa sempre aos amores impossíveis, de agora, como de antes, destes, como de outro Pedro e de outra Inês, uma paixão imortal, escrita com lágrimas de sangue exalando o sublime perfume da morte!...

Simply Red do xavier ieri (1ªversão)

- Reparei em si... toda a noite.
- Também o vi. Estava muito bem acompanhado...
- Ciúmes? Nem sequer nos conhecemos. Nem sequer dançámos...
- Não.não aqui, se bem me lembro.
- Não aqui? A sua figura é... deslumbrante... lembrar-me-ía, certamente. Apesar da máscara.
- Máscara? Ah, sim... sabe, apenas frequento bailes de máscaras. Como este...
- Pode... quer tirá-la?
- Não posso. Nem que o queira. Colou-se-me ao rosto. Definitivamente...
- Compreendo... sabe? também a minha. Colou-se-me ao rosto sem que eu desse por isso. Ainda pensei tentar removê-la, mas... já nem me dou ao trabalho.
- Tal como eu... casado?
- Sim. Quer dizer...celebrei um contrato de casamento.
- Um preciosismo? ou um verdadeiro negócio?
- Negócio. Evidentemente. Não tenho tempo a perder com as emoções.
- E o sexo, é bom?
- Tem dias. Tive problemas com as emoções. Por vezes não ficavam à porta.
- Também me aconteceu.
- Como resolveu?
- Simples: Afivelei esta máscara. Nunca mais tive problemas de consciência ou emocionais.... A propósito: A menina fode?
- Julguei que não mais perguntava...
- No fundo, sou tímido, sabe.
- Sei.
- Sabe?
- Meu querido... reconheci-te! Reconheci-te!
- Mas... Dália? Oh, minha querida e adorada esposa!

(Vão desculpar o palavrão, mas este texto sem ele é como o "amor" do Miguel Esteves Cardoso sem o outro)

Simply Red do xavier ieri(2ªversão)

- Não posso.

- Não pode? Ou não quer? Enfim... acabámos de nos conhecer...

- Não posso, sabe, vou agora ao meu suicídio...

- Ah, ah... está a brincar... claro!

- Não, não estou... quer acompanhar-me?

- Co-como?! Acompanhá-la... ao seu suicídio... desculpe, nem estou em mim...

- Porquê?! Afinal, nada de mais...

- Está de mal com a vida? Que desespero é esse?...- Desespero? Não! Desespero nenhum, meu caro amigo.

- Mas então porquê esse acto... tresloucado (desculpe!)

- É um hábito, sabe. Todas as quartas-feiras me suicido.

- Como?! Desculpe!?

- É... rejuvenescedor... e faz-me bem à pele... Vem?

- Bem... vou... vou...

- Entre, a casa é sua...

- Com licença...

- Acomode-se... bebe alguma coisa?

- Bem... sempre vai... su-suicidar-se?

- Ah, ah, ah... não é propriamente um suicido, sabe? É mais... como lhe disse, um rejuvenescimento.

- Uf!

- Vê? Olhe a minha pele... olhe... maisss de perto.

- Escamas? Tem a pele... em escamas?! É doença?

- Ah! Ah! Não! É a minha naturezzzza, sssssabe? Quer uma massssssçã...?

- Aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh........

Simply Red da darkmorgana

Rita não tinha namorado. Nem queria ter! Achava os homens todos demasiado iguais...e todos desinteressantes...especialmente os homens adultos, os acomodados à rotina, à barriga, à gravata...
No entanto não tinha perdido a esperança de encontrar alguém realmente especial...misterioso...
E, sentada a ver o pôr-do-sol no jardim, imaginava exactamente como aconteceria tudo: Os primeiros olhares... a magia do primeiro toque... o aumentar gradual do desejo... a roupa que ia levar vestida e a maneira como a iria despir num "streap-tease" sensual, lento e provocante... a música escolhida a rigor... a lingerie escolhida a dedo... os preliminares um a um... os morangos maduros espalhados pelo corpo dele... no peito e na barriga musculada... o champanhe francês a escorrer-lhe pelo pescoço... as cerejas geladas, doces e carnudas, mordidas nos lábios sedentos e não menos carnudos dele... as velas espalhadas no quarto... o incenso doce e suave... enquanto ele, amarrado à cama, nada mais poderia fazer do que olhá-la e desejá-la...
Rita sorria cada vez que revia tudo... Depois, quando ele pensasse que ela ia libertá-lo, um último golpe sem misericórdia: a venda nos olhos... e o prolongar de um prazer, quase tornado sofrimento, de tão longo e intenso... Só muito mais tarde, o escorregar da paixão nos lençóis vermelhos de cetim...lisos e frescos...o culminar do desejo, a sofreguidão do nirvana! Ia ser louco... ia ser perfeito...
De repente, um roçagar nos arbustos arrancou-a dos seus sonhos. Olhou e assustou-se com uma máscara negra a espreitá-la por entre a folhagem! Os olhos escuros e vivos desapareceram e Rita viu um homem afastar-se rapidamente e desaparecer. Levantou-se e correu, mas só viu no chão uma rosa vermelha caída, com um papel preso. Intrigada, gritou - "Ei!!! Deixou cair uma coisa! EEEiii!!!".
Não obteve qualquer resposta... e hesitante começou a desenrolar o papel...que tinha algo escrito com uma bonita letra: "Tão vermelha como os teus lábios..." E como que a assinar, o desenho de uma máscara...
Disse "se não achasse que é brincadeira, ia pensar que te podias ser tu..."
O que é certo, é que mesmo achando que podia ser brincadeira, Rita passou todo o dia seguinte muito ansiosa.
E ele voltou! E voltou a espreitar, a desaparecer e a deixar uma rosa vermelha, que desta vez a rosa tinha uma mensagem mais longa: "Encontra-me se quiseres ao pé na ponte do lago do jardim à hora em que o sino eclipsar a Lua Cheia" A mesma máscara no fim do texto...
Um enigma! Perfeito! Tudo aquilo era um Enigma!
Voltou para casa nervosa e passou o jantar a pensar se seria seguro ir ou não! Claro que ia! Ou iria arrepender-se para o resto da vida! Levaria um daqueles sprays de defesa pessoal e se fosse necessário usá-lo-ia.
Comeu pouquíssimo, telefonou a uma amiga que estava a par de tudo e esperou a noite cerrada. Depois saiu de casa, e dirigiu-se ao jardim, colocando-se no sítio onde se via o sino da torre da igreja. Tinha que ser na ponte do lago... e esperou um pouco que a Lua Cheia se escondesse atrás do sino.
As 10 badaladas assustaram-na e deu um pequeno salto, enquanto sentiu umas mãos suaves e quentes a taparem-lhe os olhos... levou as mãos às dele - só podia ser ele - e sentiu o perfume dele...q.b....sem exageros...discreto e sensual...
Lentamente começou a virar-se ao contrário... ele era alto... barba curtinha e uns lábios tão carnudos como ela tinha imaginado... No rosto dela estavam espelhados os seus sentimentos: "Meu Deus... Não pode ser verdade! É bom demais para ser verdade..."- e novamente, a máscara... os olhos escuros e brilhantes... e ele, sem dizer uma palavra, com uma mão de cada lado do rosto dela, baixou suavemente o olhar para os lábios dela...baixou lentamente o rosto, aflorou-lhe um beijo, afastou-se devagar, e do nada, tirou uma rosa vermelha, que lhe deu. Depois voltou-se e foi-se na neblina da noite.
Rita ficou uns minutos paralisada, sozinha, a saborear o momento... Sentiu a rosa na mão. Tinha mais uma mensagem.
Correu para casa e refugiou-se no seu quarto, enquanto ofegante se acomodou nas almofadas grandes para ler a nova mensagem, que desta vez tinha um número de telemóvel. Ligou imediatamente! Estava desligado. Telefonou para a amiga, depois suspirou, recostou-se e depois de folhear o diário que quase tinha perdido há um mês atrás, adormeceu com um sorriso nos lábios.
Assim que acordou ligou novamente. Desta vez, foi para as mensagens! Disse-lhe entre risos e suspiros que ele tinha conseguido despertar a sua curiosidade e que ficava à espera, ansiosa, do próximo enigma... Quando desligou tinha as mãos a tremer...
Só à tarde recebeu uma mensagem escrita que dizia: "Só posso voltar dentro de uma semana. Preciso de estar contigo. Beijo"
Aquela semana foi longa... Comprou o vestido que tinha idealizado (depois de hoooras nos centros comerciais) a lingerie sensual com que se tinha visto vezes sem conta... comprou as velas... o incenso... e até os lençóis de cetim de um vermelho escuro intenso! Ao fim de uma semana, recebeu uma mensagem dele: " Amanhã, se me quiseres, Hotel Carlton, suite 13. Chegarei à hora do beijo. Desta vez...o enigma sou eu... PS - Leva música! Confio no teu gosto! PS2- Se não quiseres estar comigo, liga agora."
Rita não ligou. No dia seguinte, comprou morangos maduros e preparou-os cuidadosamente, lavou as cerejas maiores e mais doces que tinha encontrado, foi buscar o único champanhe que ela gostava e pô-lo no frigorífico, preparou mais umas coisitas e foi tomar um banho de imersão relaxante enquanto ia já saboreando mentalmente a noite que se aproximava.
Jantou qualquer coisa leve (estava sem fome), ligou para a amiga que lhe desejou boa sorte, e pegou em tudo, sem esquecer o CD que tinha gravado na semana anterior.
Chegou 1 hora mais cedo ao Hotel. Mal olhou para o Recepcionista e um pouco envergonhada disse que ia para a suite 13 e que estavam à espera dela. Ele, deu-lhe a chave sem hesitar e sem perguntas, e indicou-lhe o caminho. Subiu uma escadaria alcatifada a vermelho, com o coração acelerado, apesar de saber que ele só chegaria à 22 horas. Meteu a chave à porta e entrou. A suite era luxuosa, acolhedora. Pousou os sacos e respirou fundo...tinha 1 hora para preparar tudo...
Faltavam 10 minutos para a hora marcada e já estava tudo preparado.
De repente lembrou-se de ligar para a recepção: - Olhe, isto pode parecer uma pergunta idiota, mas… diga-me uma coisa, por favor: esta suite está reservada em nome de quem?
O recepcionista disse-lhe para aguardar um momento e disse:- …aaah…suite 13, não é? O único registo que tenho aqui é de um tal de Enigma…Rita agradeceu e desligou. Sorriu interiormente…
Faltava pouco tempo. Estava um pouco nervosa, mas tentou relaxar. Foi à janela e olhou para a rua onde costumava passar todos os dias…vista dali tinha uma perspectiva diferente… depois, sentou-se numa poltrona vermelha de perna cruzada e esperou.
Alguém meteu a chave à porta…e ele entrou devagar…de máscara posta…Sem uma palavra avançou lentamente. Ela levantou-se, e quando se aproximaram os dois e ele se preparava para lhe tocar, ela empurrou-o para cima da cama e fez-lhe sinal para esperar.
Entrou para a casa de banho…olhou para o espelho…tinha que se acalmar...estava demasiado nervosa e assim nada correria bem! Resolveu molhar as mãos e ficar ali um pouco.
Uns 4 minutos depois, respirou fundo e pensou: “Vá! Mostra o que vales!”
A primeira coisa que viu quando abriu a porta foi a máscara em cima da poltrona vermelha. – Então ele já tirou a máscara…-
E depois, qual não foi o seu espanto, quando ao olhar para a cama, o viu já completamente nu em cima dos lençóis vermelhos!
Estava sem a máscara e agarrado ao saco dos morangos!
- Huummmm…são deliciosos…
Depois, para lhe mostrar quanto tinha gostado, ergueu a mão aberta dentro de um saco de morangos completamente vazio, apenas com o que restava de algum morango esmagado, porque a julgar pela rapidez, ele tinha comido todos os morangos cuidadosamente preparados por ela…à mão cheia…à pázada…
Ela gravou aquela imagem daquela mão aberta dentro do saco e quase cambaleou.
- Tu…tu comeste os morangos todos?
- Estava cheio de fome! Eram óptimos! Não tens aí mais nada que se coma?
- Mas…eu tinha preparado os morangos para…nós…
- Deixa lá! Olha, eu já vi que tens ali cerejas! Tu agora podes comer as cerejas se quiseres e eu fico com o chantilly! Aqui que tens ali no saco é chantilly em spray, não é?
Ele…tinha andado a vasculhar nas coisas dela?... E agora? O que é que ela ia fazer? Nem queria acreditar! Agora nada iria correr como o planeado! Voltou para a casa de banho meio atordoada, enquanto ele lá dentro dizia:
– Bem…nunca me tinham preparado tanta coisa…
Rita olhou para o espelho e decidiu o que fazer. Ia usar a venda mais cedo do que esperara… Ia tudo ser mais rápido!
Voltou para o quarto com uma expressão confiante…pôs a música e dançou um pouco, enquanto abria um pouco mais o decote do vestido e puxava mais para cima o fecho da saia…De repente, sacou a venda da liga…
- Hum…estou a ver que caprichaste mesmo…é sinal que gostaste mesmo do teu Enigma…
- Quem é o Enigma?
- Eu…
- Já reparei que és muito convencido…Enigma, meu caro, é o que te vai acontecer agora… enigma, para ti…- tapou-lhe os olhos devagar.
- Uauuuu… E agora… o que é que me vais fazer? Dar-me as cerejas?
- Acredita que já não vais querer comer as cerejas…
- começou a prender-lhe as mãos, uma a cada lado da cama com meias de seda…
- Pronto, estou outra vez de máscara, como tu gostas… e indefeso…e pelos vistos não me reconheceste…
- Eu conheço-te…tu é que não me conheces a mim…- enquanto falava ia passando um cubo de gelo pelos mamilos dele…
- Pois podes ter a certeza que te conheço melhor do que tu pensas…por exemplo, sei que és muito romântica…que gostas de homens misteriosos…que gostas de vermelho…e de cerejas…
Rita sorriu.
- Tu de mim conheces apenas aquilo que eu quero que conheças…
- Hum…e se eu te disser que conheço o que tu não queres, também?
- O quê? O que leste no diário que eu por acaso perdi há 1 mês aqui mesmo à frente do Hotel? E – oh! Que azar – mesmo na altura em que tu ias a passar?
A expressão dele mudou:
- O que é que estás para aí a dizer? Como é que sabes que eu ia a passar?
- Este Hotel é fabuloso! Tem um Recepcionista que se dá pelo nome de Enigma!!!
Ele ficou calado. Mexeu-se incomodado, sem grande êxito e sentou-se na cama.
- Eu ia dar-te o diário! Juro que ia…
- Pshiuuu…calma menino…relaxa…Eu sei…. Mas eu queria que lesses o meu diário!...
- Fingiste que perdeste o diário? Fizeste de propósito?
- Claro! Ou achas que eu tenho cara de ser assim tão ingénua! Já não há ninguém assim!
- Mas porque é que quiseste que lesse tudo aquilo?
- Para poder estar contigo aqui…agora…
- Mas quem é que te garantia que eu ia ler aquilo? Por acaso só o li porque um colega meu que está aí a trabalhar há pouco tempo, é que sugeriu que o guardasse…e o lesse…
- Quem? O Afonso?...O Afonso nem sequer trabalha cá… Só precisou de um uniforme…
- O quê? Tu conheces o Afonso?
Rita ignorou a pergunta e continuou, divertida:
- E também foi o Afonso que te emprestou o filme - meu, por sinal - com todas as ideias que tu foste buscar: a máscara…as rosas com as mensagens…ou achas que alguém acredita que tu ias ter imaginação para aquilo tudo?... Tu… meu caro Enigma… limitaste-te a imitar todas as dicas da personagem principal…
-Mas afinal o que é que vem a ser isto? Mas…e a tua reacção no parque… tu estavas a ficar envolvida…e ainda agora quando entraste, estavas super-envergonhada!
- Sou uma excelente actriz…não achas?
- Mas o que é que estás a fazer? Estás a pôr chantilly em cima de mim?...És louca!
Rita soltou uma gargalhada.
- Calma…eu adoro chantilly…Estás com medo Enigma? Sabes quem inventou esse teu nome ridículo “Enigma”? Eu! … E sabes quem sugeriu que me trouxesses para aqui? Eu! Foste muito querido! O Afonso bichanava-te as minhas sugestões e tu ias-me fazendo as vontades todas!
- Quem és tu? E quem é o Afonso? O que é que vocês querem de mim? Estás…estás a tirar-me fotografias? Pára de rir!!!
- Cala-te! Tenho pouco tempo!
Arrancou-lhe a venda.
- Pouco tempo? Vais-me matar, é? O que é que se passa afinal?
Rita parou de rir e olhou friamente para ele:
- O nome Ana Luísa Lobato diz-te alguma coisa?
- …sim, sim…foi uma miúda com quem andei há 2 anos…
- Eu…sou a melhor amiga dela…e o teu colega Afonso, é um amigo nosso…
- Merda! Mas eu não lhe fiz mal nenhum!
- Não! Claro que não! Tirando o facto de lhe teres tirado fotografias e de teres feito o favor de enviar para a faculdade inteira, fotos bem explícitas da minha amiga a fazer sexo contigo.
- Foi uma brincadeira!
- Graças a essa brincadeira, a Ana Luísa nunca mais ficou bem! Está com uma depressão crónica!
- Ela estava bêbada!
Rita bateu-lhe com violência no rosto.
- E isso dava-te o direito de fazeres o que quisesses, certo?
- E agora? Vais-me matar, é? Quero sair daqui! Estou cheio de dores de barriga!
- Estava a ver que nunca mais...
Ele olhou-a horrorizado, mas Rita fez uma cara reprovadora e enquanto abanava o indicador, disse:
- Menino maroto! Não devias ter comido os morangos todos…
- Já sei! Envenenaste os morangos! Vou morrer envenenado! Sua cabra!
E o Enigma… desfez-se…Desfez-se numa diarreia imensa em cima dos lençóis vermelhos de cetim…porque todos os morangos que tinham sido comidos sofregamente à pázada, não tinham veneno. Tinham apenas uma gota de laxante cada um…tal como as cerejas (mal empregadas) que acabaram por já não fazer falta.
Rita tirou mais duas fotografias, deu uma gargalhada -estás o máximo!- pegou nos sacos e saiu…
Quando chegou à recepção, disse à Recepcionista que estava a fazer o turno da noite:
-Passa-se qualquer coisa estranha lá em cima na suite 13. Ouvi uns ruídos estranhos…Se calhar é melhor mandar lá o segurança, não acha?
Rita virou-se, pegou no telemóvel e saiu.
Passados uns dias, um…ex-Enigma visivelmente mais magro recebeu uma foto dele próprio, com uma cara aterrorizada, preso a uma cama com lençóis acastanhados, e com umas letras brancas no peito que diziam: “Sou porco”.
Ficou com quase a mesma cara com que estava na foto.
Um segurança passou por ele, e disse: Então? ‘Tás mal disposto outra vez? Vê lá, meu…se estiveres a precisar de uma arrastadeira, a malta providencia!
As fotos nunca apareceram em mais lado nenhum.

7/07/2006


SIMPLY RED 2
Querem contar a história?
Publico a mais gira!



7/02/2006


NECESSIDADE FISIOLÓGICA

Não pode ser normal, este desejo imenso…
Não acredito que mais alguém possa sentir assim…
Deve ultrapassar os limites do bom senso
tudo aquilo que sinto quando estás perto de mim…

É uma verdade, que de tão intensa, faz doer
É uma luz que me cega…e só a ti eu vejo…
É um sonho infinito, desvarios de prazer…
É encontrar-me num toque e perder-me num beijo…

E é uma fúria tão doce, tão alucinada,
Uma necessidade tão forte e tão urgente
Uma embriaguez suave e perfumada
Um frémito meigo…uma loucura quente…

O meu corpo vegeta quando não estás comigo…
Sem ti, sou uma ave à deriva no mar
E tu…és o meu ninho e o meu porto de abrigo…
o carinho e o aconchego onde eu quero ficar…

MCB 96