6/24/2007




VIAGENS DE MIM


Gostava de poder parar o tempo apenas com um estalar de dedos!
Deixar o meu presente "congelado"...exactamente assim...
E ir para onde quiser, sem sensações de culpa, sem medos
sem receio que os meus ao ficar "cá" sentissem falta de mim...


E matar todas as minhas curiosidades
poder ser todas minhas personalidades
amordaçadas pelo bafo da rotina castradora...

E viver as minhas mais privadas leviandades
despedaçar as censuras e as falsas moralidades
e do meu dicionário pessoal ser a única escritora!


E dissolver-me livre na imensidão do mundo!
Ser eu e muito mais do que sei que posso ser
Ser mesmo até quem nunca poderia imaginar
existir com a intensidade com que se deve sempre viver
atingir o extremo mais distante do meu próprio limiar...


E ir para todo o lado à velocidade da luz!
Matar a sede dos locais mágicos que ainda não bebi,
saciar a fome das emoções que ainda nem provei,
esvair-me e encontrar-me em quem ainda não vivi,
descobrir-me e aprender-me como ainda nem eu sei...


Gostava de fazer viagens de mim para a mim me conhecer
poder viver tudo aquilo que a vida tem para me dar
e voltar repleta da energia do meu próprio saber
poder estalar os dedos... e o meu presente recomeçar
Sem nada ter esquecido...
Sem nada ter perdido...
Sem nada a lamentar...
Mais disponível para todos...
e muito mais pronta para amar...


MCB Jun 07



6/21/2007


CHEIROS

Gosto do cheiro da palha e da madeira
das penas dos pássaros que acarinho
gosto do cheiro do crepitar da fogueira
e da terra molhada do meu caminho...

Gosto do cheiro da relva e do cabedal
da água límpida e do ar puro e fresco
gosto do cheiro do céu, de um azul leal
do vento marítimo do mar louco e crespo...

Gosto dos cheiros
de estar a sós com a natureza,
com a minha música privada
e o meu silêncio amigo...
gosto do cheiro da liberdade
e de toda a sua beleza,
e do perfume que emano
quando estou bem comigo...

MCB 93

6/04/2007


POESIAS MUDAS


Os meus dedos
escrevem mil poemas na tua pele...
que, de os saber ler
exala quentes fragâncias violeta...


e na linha calma dos teus lábios
desenha-se o mesmo sorriso dos teus olhos fechados
enquanto me decifras as rimas
e medes sílaba a sílaba as minhas carícias...
e a tua mão me responde
com sonetos nimbados de ternura...


E se eu escrevo e risco! e rasgo!
e me parecem repetidas as palavras...
nunca mo parecerão
as nossas poesias mudas...

.

.
MCB 92