12/27/2007




PANTERA NEGRA


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Como um animal selvagem


esgueiro-me nas sombras do nada


camuflada pelo meu orgulho


e pela força de ser alienada...


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Sorrateira, avanço sem som


pantera negra do ocaso escuro...


Olhar fixo em presa incógnita...


Num presente tornado futuro...


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Em mim deslizam recordações


pintadas com as cores do vento...


e com flashes de vozes persistentes


laivos de frases feitas estridentes...


insistentes...


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Calem-se!


Não quero ouvir mais nada!


Sou de uma raça à parte!


Livre e amotinada!


 
Mesmo que me saiba em extinção


quero sulcar o meu caminho


com as minhas próprias garras!


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E mesmo que me sinta a sangrar


quero morder o meu destino


dilacerar as amarras!



 
Calem-se!


Não pedi para ser nada de ninguém!


Quero ficar em mim...


Não me tentem domar!


Ninguém merece saber o que sinto!


E jamais alguém me ouvirá queixar!


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E com a certeza de uma fera ferida


avanço calma...prossigo suave e quente...


na noite da minha vida...


no silêncio urgente...


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Sob o imenso manto prata da lua


avanço firme... num contínuo deslizar...


vestida apenas de mim...do mundo nua...


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Meu brilho, ondulante e negro...


Atento e penetrante, o meu olhar...


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MCB 07

12/06/2007

Quando não apetece escrever nada...vão-se buscar coisas ao baú da memória...


PORTO DE ABRIGO




Não pode ser normal este desejo imenso
Não acredito que mais alguém possa sentir assim
De certeza que ultrapassa os limites do bom senso
tudo aquilo que sinto
quando estás perto de mim...




É uma necessidade que, de tão intensa, faz doer...
É uma luz negra que cega e nada mais que tu, eu vejo...
É um sonho vivo e doído...
São desvarios de prazer...
É perder-me num só toque e encontrar-me num só beijo...




E é uma fúria tão doce, selvagem e alucinada...
Uma verdade tão forte que rasga e que é tão urgente...
É uma embriaguez suave, leve solta e perfumada...
Um frémito quente e meigo...
Uma loucura pura e quente...





O meu corpo vegeta quando não estás comigo...



Sem ti, sou uma ave perdida...
sou um barco à deriva no mar...

E tu...Tu és o meu ninho...
És o meu porto de abrigo...



És o carinho e o aconchego
onde sei que quero ficar...




MCB 96 /07