7/31/2006


PREÇO DE UMA PAIXÃO

Dói-me provar-te o sal das lágrimas na face molhada
e ver o teu corpo arquear-se em espasmos de dôr...
e saber que sou aquela que, muito bem intencionada
queria dar-te só carinho, só ternura... só amor...

Tento consolar-te com beijos de mel amargo
que nem a mim consolam...e teimo em te abraçar,
enquanto a tua voz se emudece num embargo,
e o teu peito estremece junto ao meu, ao soluçar...

E assim ficamos nesta aura de mágoa dormente
num labirinto de becos sem saída ou solução...
a agonizar em silêncio uma culpa inexistente
a pagar ao mundo inteiro o preço de uma paixão...

Sei que pagas um preço muito alto por mim
um preço que ninguém devia pagar por ninguém...
e eu, dilacerada por ver-te sofrer assim
além de pagar o meu preço, pago o teu preço também...
.
.
MCB 96

21 Comments:

Blogger xavier ieri said...

Tudo tem um preço,
Nada de novo.
De novo, o renovado 'negócio' das paixões, renovado em cada ser humano em cada momento.
O ser humano e as suas circunstâncias sempre renovadas, velhas de mil anos mas sempre renovadas...
Afinal, nada de novo debaixo do sol...
E todavia... tudo renovado para cada um de nós, em cada momento, em cada circunstância...

(Ainda assim, foi preciso esperar dez anos para a publicização da intimidade doída. Crescemos, não é Morgana?)

domingo ago. 06, 11:49:00 da manhã 2006  
Blogger Cleopatra said...

Dez anos....
De dez em dez anos algo se repete...
É o ciclo normal da Vida...
E porque é que uma paixão tem sempre lágrimas?
E porque é que tem sempre um abraço inacabado????........

E porque é que todas as paixões.... são iguais?

domingo ago. 06, 11:52:00 da tarde 2006  
Blogger xavier ieri said...

Há um fio condutor: A natureza humana!
O mais é um caldo cultural e aculturado e, mais uma vez, as nossas circunstâncias.
Parece haver, ainda assim, uma grande unidade na disparidade tipológica humana, qualquer que seja o domínio considerado.
O dito fio condutor determina as inerentes inevitabilidades e por isso as paixões, como o resto, são todas iguais.
São depois as idiosincrasias (onde preponderam as aculturações e as circunstâncias) que particularizam, que fulanizam, que personalizam.
Enfim... maneiras de ver...

segunda ago. 07, 07:13:00 da manhã 2006  
Blogger Brandybuck said...

Chiça!
Há quem consiga explicar o inexplicável.

»:o)

segunda ago. 07, 09:59:00 da tarde 2006  
Blogger GTL said...

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,

y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.

Parece que los ojos se te hubieran volado

y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma

emerges de las cosas, llena del alma mía.

Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,

y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.

Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.

Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:

déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio

claro como una lámpara, simple como un anillo.

Eres como la noche, callada y constelada.

Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.

Distante y dolorosa como si hubieras muerto.

Una palabra entonces, una sonrisa bastan.

Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda

MDB

terça ago. 08, 11:42:00 da manhã 2006  
Blogger Cleopatra said...

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.

Distante y dolorosa como si hubieras muerto.

Una palabra entonces, una sonrisa bastan.

Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda

Que raio de mania que eles todos têm de nos gostarem, caladas, ausentes, fugidias!
MASOQUISTAS

terça ago. 08, 01:59:00 da tarde 2006  
Blogger Cleopatra said...

além de pagar o meu preço, pago o teu preço também...

terça ago. 08, 02:07:00 da tarde 2006  
Blogger DarkMorgana said...

Cinco minutos de net durante uma semana de trabalho no "fim-do-mundo" já deram para ler os comentários a esta postagem.
Não tenho tempo para comentar os comentários!!!

Agora, acabou-se o tempo de "civilização".

terça ago. 08, 10:49:00 da tarde 2006  
Blogger Apache said...

Paixões, paixões,
por vaidade ou
por maldade,
quem as inventou?

quarta ago. 09, 12:44:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

"De dez em dez anos algo se repete..."
Parecem-me os planos quinquenais soviéticos... em versão corrigida e ampliada.

"as paixões, como o resto, são todas iguais"
Todas, as de cada um!...

quarta ago. 09, 12:48:00 da manhã 2006  
Blogger Cleopatra said...

Nem as de cada um são iguais.
Eu não acho!

quinta ago. 10, 08:00:00 da manhã 2006  
Blogger cris said...

as paixoes nunca sao iguais...podem ter semelhanças mas nunca iguais

preço de paixao! acho que o unico preço que pagamos por ter uma paixao é o sofrimento quando algo corre mal, aquela dor que nos sofoca.

bjinho***********

quinta ago. 10, 10:25:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

"acho que o unico preço que pagamos por ter uma paixao é o sofrimento quando algo corre mal, aquela dor que nos sofoca."
É mesmo a isso que a Morgana se refere no poema, Joanita!
Repara no início e no final do poema...
"Dói-me provar-te o sal das lágrimas na face molhada
e ver o teu corpo arquear-se em espasmos de dôr..."
(...)
"e eu, dilacerada por ver-te sofrer assim
além de pagar o meu preço, pago o teu preço também..."
Acho que estamos ambos a ter a mesma interpretação.

sexta ago. 11, 01:59:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

Acho que têm sempre muitas semelhanças, tem a ver com a maneira de ser, de estar, sei lá!

sexta ago. 11, 02:00:00 da manhã 2006  
Blogger Cleopatra said...

As paixões semelhanças ? Só se forem as dos outros com as nossas..
Porque as nossas próprias paixões nunca são iguais umas às outras.
Será porque tive poucas?
Podem levar-nos a ter atitudes semelhantes, mas apenas semelhantes. Mas cada paixão é uma paixão.

sábado ago. 12, 08:24:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

"as nossas próprias paixões nunca são iguais umas às outras.
Será porque tive poucas?"
Óra aí tá! Imajinêmos c´avia tido apenasmente um´única páxão, apenasmente umazinha, atãn tá-se même a ver quera igualzinha a ela própria, pôrra.
A bên dezeri nã me tá apetecêndo nada continuari questa diz que são, tá munte cançativa!

sábado ago. 12, 11:29:00 da tarde 2006  
Blogger xavier ieri said...

Perspectiva.
Na minha opinião, perderam perspectiva.
Sentados na floresta a falar das suas árvores, apenas conseguem discernir sobre as ávores próximas.
Mas se subirem ao monte e olharem daí a floresta, ganham perspectiva sobre toda a floresta e a discusão torna-se mais rica, por mais esclarecida.
Por vezes nem é preciso subir ao monte: Basta levantarmos os olhos do nosso próprio umbigo.
Por isso, exactamente por isso, falei em natureza humana e em idiossincrasias.
A natureza humana determina as semelhanças.
As idiossincrasias determinam as diferenças.

Enfim, como diz o Apache, esta "dizquesão, tá munte cançativa!"

segunda ago. 14, 12:32:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

Xavier, não é fácil conhermos muitas paixões para termos a tal visão global, normalmente conhecemos as nossa e as das pessoas que nos são mais "próximas".

Estamos mais ou menos de acordo. Acho no entanto que a paixão tem muito mais de "natureza humana" e muito menos de "idiossincrasias" que outros sentimentos menos "animais", talvez por isso, elas (as paixões) tendam a parecer-nos relativamente iguais.

segunda ago. 14, 01:36:00 da manhã 2006  
Blogger xavier ieri said...

Eventualmente...

segunda ago. 14, 08:05:00 da manhã 2006  
Blogger DarkMorgana said...

Vou fazer um último(?) comentário...
Idiossincrassias à parte, as paixões impossíveis, proibidas, secretas, são muito mais doídas, são muito mais vividas, são muito mais paixão.

terça ago. 15, 01:31:00 da manhã 2006  
Blogger Apache said...

"as paixões impossíveis, proibidas, secretas, são muito mais doídas, são muito mais vividas, são muito mais paixão."
Concordo em absoluto! Só é pena não haver paixões proibidas, nem impossíveis, apenas paixões doídas, paixões vividas e paixões Paixões! O resto são... "idiossincrasias"!...

sábado set. 02, 03:11:00 da manhã 2006  

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