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Como um animal selvagem
esgueiro-me nas sombras do nada
camuflada pelo meu orgulho
e pela força de ser alienada...
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Sorrateira, avanço sem som
pantera negra do ocaso escuro...
Olhar fixo em presa incógnita...
Num presente tornado futuro...
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Em mim deslizam recordações
pintadas com as cores do vento...
e com flashes de vozes persistentes
laivos de frases feitas estridentes...
insistentes...
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Calem-se!
Não quero ouvir mais nada!
Sou de uma raça à parte!
Livre e amotinada!
Mesmo que me saiba em extinção
quero sulcar o meu caminho
com as minhas próprias garras!
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E mesmo que me sinta a sangrar
quero morder o meu destino
dilacerar as amarras!
Calem-se!
Não pedi para ser nada de ninguém!
Quero ficar em mim...
Não me tentem domar!
Ninguém merece saber o que sinto!
E jamais alguém me ouvirá queixar!
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E com a certeza de uma fera ferida
avanço calma...prossigo suave e quente...
na noite da minha vida...
no silêncio urgente...
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Sob o imenso manto prata da lua
avanço firme... num contínuo deslizar...
vestida apenas de mim...do mundo nua...
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Meu brilho, ondulante e negro...
Atento e penetrante, o meu olhar...
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MCB 07